Inesquecível Viagem ao Egito

Publicado em 08/03/2024

Maria Tereza de Queiroz Piacentini
 

Era o ano de 1995. Resolvi passar uns dias na terra dos faraós que tanto me fascinaram nos livros de História e em museus mundo afora.

Não se sai do Egito sem ver as pirâmides, claro. O que me surpreendeu foi avistá-las da piscina do hotel – tão perto da cidade! Entrar numa delas? Nem pensar em me abaixar tanto. Andar de camelo? Vamos tentar... Não gostei, desci logo, uns passos adiante. O que mais me encantou, além das antiguidades: escutar um grupo de idosos tocando música árabe em frente ao restaurante; assistir a dança do ventre num barco ao longo do rio Nilo; observar um casamento nas ruas de Alexandria.

Numa tarde de folga peguei um táxi para ir ao The Egyptian Museum. Entre umas e outras coleções de arte maravilhosas, parei para tomar água no topo de quatro degraus perto da porta principal, de onde vejo entrar um grupo de excursão. Em meio a toda aquela gente, um moço alto me chamou a atenção, pois se parecia com um amigo de Joaçaba que eu não via desde os tempos da faculdade. Gritei: “Maaarcos!” Era o próprio. Falamos com certo atropelo e nos abraçamos com muita alegria.

PERDIDA NA MULTIDÃO

Dia de visita ao mercado público do Cairo: o ônibus da excursão estaria nos esperando depois de uma hora em frente ao Banco do Egito. Em pouco tempo eu já tinha comprado o que desejava e iria ficar só apreciando os produtos expostos ou quem sabe provar uns doces árabes, quando uma moça (dez anos mais velha do que eu) que viajava sozinha na nossa excursão me pediu para acompanhá-la a determinada loja, pois seu inglês não era muito bom. Lá ela pede 10 m de um tecido e mais 6 m de outro. Feitas as contas, a fulana resolve medir as peças e descobre, indignada, que uma delas contava meio metro a menos.

Começa então uma discussão, eu traduzindo que a compradora não iria levar mais nada. Nisso ela sai da loja em disparada. Fui correndo atrás dela, e atrás de nós duas o vendedor! Só consegui alcançá-la quando já nos encontrávamos na parte local do mercado, os egípcios sentados com sua mercadoria de um lado e outro da rua, deixando uma passagem estreita no meio. “Acho que precisamos voltar”, eu lhe digo apreensiva. Mas ela continua andando. Escrevi Bank of Egypt num papel e o mostrei a três vendedores diferentes, perguntando de que lado ele ficava, mas não me entenderam! Quase um quilômetro depois, divisei uma mulher jovem na multidão, a quem me dirigi. Ela disse que o banco se encontrava no lado oposto da nossa caminhada, e o seu acompanhante idoso acrescentou que duas mulheres estrangeiras ali corriam perigo. Foi quando a colega, desequilibrada, começou a gritar: “Brazilian! Socorro!”, pegando de novo a direção errada. Aí eu me encrespei: “Pára com isso e me segue se quiser. Agora sou eu que comando!”

ENCONTRO DERRADEIRO

Lá fui, com o passo apertado e o coração na boca, sem saber quantas centenas de metros eu conseguiria andar nos 13 minutos que faltavam para a saída do ônibus. De repente olho duas quadras à frente, e quem vejo se destacando pela altura? O amigo Marcos, a quem corro abraçar aliviada. Ele me indica por onde seguir. Era perto. Foi a última vez que o vi na vida. Marcos já estava com câncer (eu não sabia) e morreu poucos meses depois.

Egito marcado na minha memória para sempre!  

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