Entrevista ao jornalista Paulo Clóvis Schmitz, de Florianópolis, abril 2013
Publicado em 21/05/2024
Entrevista ao jornalista Paulo Clóvis Schmitz, de Florianópolis-SC, em abril de 2013
1. Como foram seus primeiros contatos com os livros? Havia em sua casa um ambiente de estímulo à leitura?
Cresci em meio aos livros. Meu pai tinha um gabinete com prateleiras cheias de coleções, e ali eu vivia consultando a Enciclopédia Britânica. Minha mãe era uma leitora voraz e por isso pedia muitos romances emprestados. Eu também me aproveitava deles para realizar os meus sonhos de morar num castelo ou viajar para terras distantes. Como em Joaçaba não havia outras distrações para mim a não ser o cinema aos domingos, eu passava meus fins de semana na adolescência lendo “A pata da gazela” e outros livros de José de Alencar, por exemplo. Mais tarde descobri Eça de Queirós e Machado de Assis, que delícia!
2. Como a leitura era tratada no ambiente escolar? No ensino fundamental e médio, a leitura era incentivada? O que ficou desses períodos em sua memória?
Na escola a leitura era fragmentada: nas aulas de português líamos os trechos de obras literárias que os compêndios escolares traziam, seguidos de um vocabulário que era preciso decorar. Mas não havia leitura crítica, que eu me lembre. Já no ensino médio – para mim, o Normal – os professores vieram com o preenchimento da “ficha de leitura”, que eu detestei, pois essa obrigação me tirava o prazer de ler por ler.
3. Quais foram os livros e autores que mais a marcaram ao longo de sua vida de leitora? O que está lendo no momento?
Além dos autores já citados, entre os que me marcaram cito Erico Veríssimo e Thomas Mann. Houve uma época em que fiquei fascinada com a literatura americana, principalmente John Steinbeck e Edgar Alan Poe. Hoje em dia, por causa das más traduções, evito os autores estrangeiros, a não ser que eu possa ler no original.
Meu livro do momento é A placenta e o caixão, crônicas selecionadas de Deonísio da Silva.
4. Como vê a relação das novas gerações com os livros e a leitura? A internet facilita ou dificulta a aproximação dos jovens com a literatura?
Acredito que a internet facilita e abre novos caminhos para a leitura de um modo geral; ali os jovens de todas as classes têm acesso a jornais e revistas, por exemplo. Mas não os distancia nem os aproxima da literatura – só vai deixar de lado o computador para ler um livro quem adquiriu esse hábito na infância, seja na família ou na escola.