Nomes de pessoas: variações e grafia correta (2)
Publicado em 02/04/2024
Na edição passada abordamos o registro dos nomes próprios de pessoa em concordância com as regras ortográficas vigentes no Brasil. Depois de exemplificar e discutir as formas paroxítonas, vamos focalizar a grafia correta dos nomes proparoxítonos e oxítonos bem como das personalidades falecidas, além do plural dos sobrenomes.
Proparoxítonos
Devem ser acentuados todos os nomes próprios proparoxítonos, qualquer que seja sua terminação: Álisson, Amábile, Américo, Ânderson, Ângela, Angélica, Betânia, Cléverson, Émerson, Érico, Éverton, Eurídice, Fátima, Hortência, Jéferson, Jucélia, Míriam, Orígenes, Róbinson, Rosângela.
Oxítonos
Devem ser acentuada a sílaba final tônica dos nomes ou apelidos com:
- Terminação em a, e, o: Dadá, André, Jacó, José, Maitê, Nonô, Pelé, Tetê
- Terminação em i, is: Eloí, Luís (formas antigas, terminadas em z, não se acentuam: Luiz, Diniz)
- Hiato, quando o i e o u estão sozinhos ou acompanhados de s: Esaú, Emaús, Laís, Taís
- Ditongo aberto ói: Elói
Manter ou atualizar nomes?
Transcrevo a instrução oficial (Formulário Ortográfico de 1943, item 40): “Para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua assinatura a forma consuetudinária. Poderá também ser mantida a grafia original de quaisquer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem inscritos em registro público”.
Se na prática os nomes próprios das pessoas vivas têm sido grafados de acordo com a certidão de nascimento – ainda que em desacordo com as regras de ortografia –, os nomes de pessoas falecidas (e famosas) podem e devem se ajustar às normas ortográficas vigentes: Cruz e Sousa [era Cruz e Souza], Vítor Meireles [Victor Meirelles], Rui Barbosa [Ruy], Filinto Elísio [Elysio], Érico Veríssimo [Verissimo] etc.
Plural ou singular de sobrenomes
Há muita hesitação quanto à forma correta de grafar os sobrenomes no tocante ao uso do plural quando se faz referência a um grupo de pessoas com a mesma designação de família: os Sousa ou os Sousas? os Maia ou os Maias?
As duas formas coexistem. A tradição na literatura portuguesa, desde a “Gramática da Linguagem Portuguesa”, publicada em 1536, é pluralizar os nomes próprios ou sobrenomes: os Maias, os Silvas, os Sousas, os Albuquerques, os Costas – aliás, uso diferente da nossa língua-mãe, o latim, e do grego, que empregavam sempre o singular.
No Brasil, entretanto, houve uma flexibilização, pois há nomes que definitivamente não soam bem no plural, como Queiroses e Gils. Sobretudo soam artificiais os de origem estrangeira, como Herings, Amins, Bauers, Bornhausens, Bortoluzzis. E se fosse obrigatório pluralizar, o nome Maciel como ficaria? “Maciéis” (como Manoel > Manoéis)? Está assim justificada a prática atual de deixá-los – corretamente – no singular: os Bauer, os Bortoluzzi, os Costa, os Gil, os Hering, os Maciel, os Queirós, os Sousa etc.
... Artigo publicado na Revista Bonijuris n. 680, fev. 2023