Não Tropece na Língua
Número: 133
Data: 13/05/2020
Título: PRESENTE DO SUBJUNTIVO: QUE SEJA ÚTIL
--- Existe alguma regra que se refere ao uso do presente do subjuntivo que seja específica para orações subordinadas? Marion Pinto, Florianópolis/SC
A própria origem da palavra subjuntivo (do latim subjunctivus – que serve para ligar, para subordinar) indica sua função principal. O subjuntivo é por excelência o modo utilizado nas orações subordinadas que dependem de verbos cujo sentido esteja ligado à ideia de ordem, proibição, desejo, vontade, necessidade, condição e outras correlatas.
O uso do subjuntivo implica, em qualquer caso, uma probabilidade, uma não-concretização – ainda – de alguma coisa. Observe duas frases com a mesma construção:
. Temos lideranças que contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. [o verbo da oração principal é TER, portanto já existem tais líderes, o que implica o uso do modo indicativo na oração subordinada]
. Queremos formar lideranças que contribuam para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. [aqui estamos na fase de QUERER: ainda não temos esses líderes, daí o uso na oração subordinada do subjuntivo “contribuam”]
Exemplos de uso do PRESENTE do subjuntivo
Para exprimir ordem, proibição, desejo, vontade, súplica:
Deseja que eu volte logo.
Ordenou que paguemos a dívida.
Proibiu que os sócios bebam e implorou que eles trabalhem.
Ele sempre pede que o pessoal estude com afinco.
Nada impede que a integração se dê e que alguns gerentes de unidades de conservação possam ser escolhidos.
Pretendemos desenvolver ações que incentivem a pesquisa e a implementação de práticas pedagógicas anti-racistas.
Vamos discutir ações e propostas que busquem alterar as desigualdades raciais.
Esperamos então que os guardas-parques que tanto queremos já possam estar uniformizados e trabalhando no próximo verão.
Para exprimir dúvida, receio, necessidade, condição, apreciação, aprovação, admiração:
Duvido que saibas.
Não acredito que chores por isso.
Será melhor (ou pior) que não diga nada.
Negou que tenha cometido o delito.
Lamentamos que nossos atendentes sejam relapsos.
É importante que todos percebam o real papel dos guardas-parques. Eles são os verdadeiros heróis da conservação das áreas protegidas e não é justo, nem bom para a natureza, que continuem sendo esquecidos
É preciso que se deixe de lado esta visão que nos aprisiona num passado de dor e não permite melhorar as condições de vida dos afrodescendentes.
O Estado deve definir políticas de inclusão que possibilitem às crianças condições de realizar seu percurso escolar até o ensino superior.
Temo que não mais se publiquem livros que provoquem o pensar.
Também usamos o presente do subjuntivo para referir fatos incertos com o advérbio talvez em períodos simples ou orações coordenadas:
Talvez eu assista ao jogo.
Talvez sejam contempladas, talvez sejam eliminadas.
Igualmente em frases imperativas:
Que sejas feliz.
(Que) Deus nos abençoe.
Bons ventos o levem.
Cantemos a uma só voz...