Pergunta nº: 370
11/11/2009 - Clarice Emilia
Consulta: Olá, gostaria de saber se há uma nova regra no Acordo Ortográfico 2009 para palavras que tem o "não" como prefixo (ex.: não-renovável, não-governamental, etc). Na maioria dos Guias Ortográficos que li, não encontrei nada, mas ouvi dizer que havia perdido o hífen. Onde posso encontrar essa regra?
Obrigada!
Resposta:
O prefixo NÃO agora é grafado sem hífen, segundo o VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras (ABL), embora não esteja no Acordo Ortográfico, como se pode constatar na Tabela que se encontra em nosso saite. Na Nota explicativa da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da ABL sobre os procedimentos metodológicos seguidos na elaboração da 5ª edição do VOLP, constam 15 medidas, sendo a última (p. LIII): "Excluir o emprego do hífen nos casos em que as palavras não e quase funcionam como prefixos: não agressão, não fumante, quase delito, quase irmão ".
Vamos acatar a orientação na maioria dos casos, mas não cegamente, pois há alguns em que não se poderá deixar a palavra sem o hífen, como "o ser e o não-ser" [Filosofia]. Como revisora eu já havia sentido essa necessidade, e por isso fiquei satisfeita ao encontrar, depois de ter feito essa afirmação sobre o não-ser, o seguinte parágrafo referente à mencionada medida 15:
"Está claro que, para atender a especiais situações de expressividade estilística com a utilização de recursos ortográficos, se pode recorrer ao emprego do hífen neste e em todos os outros casos que o uso permitir. É recurso a que se socorrem muita línguas. Deste não hifenizado se serviram no alemão Fichte e Hegel para exercer importante função significativa nas respectivas terminologias filosóficas: nich-sein e nich-icht, de que outros idiomas europeus se apropriaram como calcos linguísticos. Não é, portanto, recurso para ser banalizado."
Isso quer dizer que, diante da necessidade de clareza ou de uma melhor comunicação, podemos lançar mão do não- hifenizado, sobretudo com certos substantivos, como a não-violência de Gandhi, para dar outro exemplo. O essencial é o texto estar claro, ainda que não contenha uma uniformização gráfica absoluta.